quinta-feira, janeiro 04, 2007

Demência na 1ª pessoa.

Inicio o ano com mais um dos meus momentos divagantes.


Desejo-te

Momentos de introspecção, abuso.
Clarividências de tudo o que vivi,
O que desejaria ter vivido, o que não me deste.
Momentos que entrego ao desuso.
Memórias… não sei se as senti,
O que poderia ter vivido, o que não me deste.

Desejos gritados por olhares.
Arrepios passeiam ao natural,
O que desejaria ter sentido, o que não me deste.
Segredos que atravessam mares.
Guardados num corpo divinal.
O que poderia ter sentido, o que não me deste.

Medos ferozes, persistentes.
Do que foi, do que era!
Do desejo de não desejar o que ainda não sentimos. O que não te dei.
Abraços arranhados e dormentes,
Unhas que cravam a pele da fera.
Desejosa de desejar o que ainda não sentiu. O que não te dei.

Recordo prazeres a dois
Gritos vorazes e titubeantes,
De desejo e de desejar ainda mais. O que não te dei.
Oh, imaginação fértil que sois!
Que gritos querias e gemidos ouvias, dissipantes.
Mas desejo deixar de te desejar
E sei que sabes o mesmo que julgo saber. O que não te dei…

Miguel Linhares, Ponta Delgada, 07 de Julho de 2006

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